A pandemia de Covid-19 teve um impacto enorme em diversos setores do mercado de trabalho, principalmente nos pequenos negócios. Mas você já parou para refletir sobre como o Covid-19 afetou a inequalidade doméstica?
Segundo dados do IBGE, as mulheres despendem 18,5 horas no gerenciamento do lar e da família, ao passo que os homens possuem uma média de 10,3 horas. De acordo com o New York Times, em meio a pandemia, 80% das mulheres afirmam que elas cuidam da educação escolar remota de seus filhos e, quando o assunto é tarefa doméstica, apenas 27% declaram ter uma divisão de afazeres bem-proporcionada.
Você já ouviu falar do termo “invisible work”? Essa expressão significa “trabalho invisível” e é usada para descrever as inúmeras responsabilidades domésticas que as mulheres devem desempenhar simultaneamente com a sua vida profissional.
Infelizmente, esse trabalho que exige um esforço físico e mental da mulher não é reconhecido devido à ausência de um sistema que mensure essa extensa lista de tarefas domésticas “invisíveis”.
Essa desigualdade no lar também é ilustrada no termo “second shift”. Essa expressão revela que as mulheres possuem, na realidade, dois trabalhos, e que o segundo turno se inicia quando elas retornam para casa após exercerem suas atividades profissionais.
Segundo o livro Fair Play, escrito por Eve Rodsky, as mulheres ainda exercem a maior parte dos afazeres domésticos, mesmo quando elas possuem um trabalho em período integral. E não para por aí! Os maridos que costumavam contribuir para a gestão do lar deixam de realizar suas funções após o nascimento de seus filhos.
Mas como esse desequilíbrio afeta a identidade da mulher?
Segundo Rodsky, as mulheres que possuem um “segundo turno” não têm mais tempo para desenvolver novos hobbies ou redescobrir antigas paixões como ler, escrever ou estudar uma língua estrangeira. Elas perdem a liberdade de focar em uma tarefa de cada vez e deixam de criar um espaço que vai além de seu papel como esposa e mãe, destinado ao bem-estar de seu corpo, mente, vida intelectual e espiritual.
Qual é a solução?
No livro Fair Play, a autora cria um sistema de reequilíbrio doméstico que se inicia com o reconhecimento das pequenas e grandes tarefas necessárias para a gestão de sua casa e família. Ou seja, ela dá visibilidade ao “trabalho invisível”.
Rodsky começou com uma lista pessoal que quantificava todas as funções domésticas que ela realizava sozinha. Após desabafar com amigas, elas também decidiram enumerar suas responsabilidades, que consistem desde cuidar do animal de estimação da família a ajudar com o trabalho escolar de seu filhos.
Essa iniciativa foi parar em grupos de Facebook e assumiu proporções internacionais. Foi aí que Rodsky decidiu criar o método Fair Play (jogo limpo, em inglês) que é composto por cartões de tarefas domésticas como compras, preparo das refeições, descartar o lixo, etc.
O casal deve escolher um cartão/tarefa, que possui uma área de planejamento e execução. Quem ficar encarregado das compras, por exemplos, deverá verificar o que está em falta e fazer uma lista de compras. Após a fase de planejamento, ele ou ela deverá ir ao supermercado, organizar os itens no refrigerador e descartar os que estão fora do prazo de validade.
Eve continua a compartilhar seu método em meio à quarentena e participou de uma live com o clube de leitura da atriz Reese Whiterspoon para discutir sobre a divisão dos afazeres do lar durante a pandemia!
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